Prolongar o aleitamento materno para além dos 12 meses de idade ajuda a diminuir as chances de cárie na primeira infância. Isso ocorre porque essas crianças consomem menos açúcares na comparação com aquelas que têm a interrupção precoce da amamentação. É o que mostra um estudo feito com 800 crianças nascidas em Cruzeiro do Sul, no Acre, e coordenado por uma pesquisadora brasileira.
A PhD em odontopediatria e primeira autora do trabalho, Jenny Abanto, explica que a inclusão de açúcar na dieta das crianças é a principal causa para a incidência de cárie até os dois anos de idade, o que é potencializado pelo fim precoce do aleitamento materno.
“Bebês que são amamentados por mais de doze meses consomem menos açúcares. E é de consenso científico que a cárie dentária é uma doença que requer uma única causa: açúcares. E o aleitamento materno reduz o seu consumo. Assim, amamentar por mais tempo protege indiretamente contra a cárie dentária”.
Embora tenha o açúcar como principal vilão, a cárie é uma doença com diversas causas, explica Ilana Marques, odontopediatra. Além de uma alimentação com excesso de açúcar, a higiene bucal mal feita, falta de flúor e composição salivar podem contribuir para a doença.
“Ela se manifesta, inicialmente, com manchas brancas, que podem evoluir para manchas amarelas e, então, se tornar cavidades, podendo destruir o esmalte do dente, chegar até o canal, provocando, assim, uma infecção que, se não cuidada, pode levar até a morte”.
Os pesquisadores também concluíram que o leite materno, sozinho, não pode causar cáries, como alguns estudos já apontaram. Isso só é possível se houver açúcar na dieta.
A cárie afeta mais de 600 milhões de crianças no mundo todo, de acordo com a Associação Internacional de Odontopediatria. A Organização Mundial da Saúde recomenda que, até os dois anos de idade, as crianças não consumam açúcar.
Fonte: Brasil 61
