A crise climática que afetou Rondônia em 2024 se tornou um marco de sofrimento e dificuldades, especialmente para as comunidades ribeirinhas que enfrentaram a maior seca das últimas décadas. Com o nível dos rios drasticamente baixo, escassez de água potável e dificuldades para obter alimentos básicos, a população viveu em estado de emergência. Neste cenário, a Igreja Católica se destacou pela ação solidária, mobilizando fiéis e instituições para atender as necessidades urgentes de água e alimentos. Com uma rede de apoio formada pela Cáritas Arquidiocesana, Rádio Caiari e voluntários, a igreja forneceu doações de água e cestas básicas, levando esperança e alívio a centenas de famílias.
Em uma das visitas às comunidades ribeirinhas, o Arcebispo Dom Roque Paloschi fez questão de ressaltar a importância da solidariedade e da união em tempos tão difíceis. “A nossa missão é a de estar junto ao povo, especialmente neste momento de dor. A seca não é apenas uma consequência natural, mas um reflexo do desequilíbrio que causamos ao meio ambiente. Devemos agir para aliviar o sofrimento dos nossos irmãos e também para preservar a nossa Casa Comum”, afirmou Dom Roque.
O Arcebispo convocou todas as paróquias e comunidades da Arquidiocese a se unirem para arrecadar água potável e alimentos, e a resposta foi impressionante; para fortalecer a ação, toda a coleta das paróquias e comunidades nas celebrações, de um fim de semana foi destinada para a compra de produtos. E assim com o apoio das comunidades, da Rádio Caiari e parceiros, a Igreja de Porto Velho conseguiu levar ajuda às famílias das áreas mais remotas, onde a ação governamental era escassa no momento.
Missionários Combonianos: Fé e ajuda Espiritual
Os Missionários Combonianos que atuam diretamente na região foram fundamentais no desenvolvimento da ação e no fortalecimento da fé. Padre Renê Vera, pároco na paróquia nossa senhora Aparecida no Distrito de São Carlos do Baixo Madeira e padre Emmanuel Muhime, vigário paroquial das paróquias São João Batista em Calama e Nossa Senhora Aparecida em São Carlos, os dois tem a missão de levar não apenas suprimentos, mas também apoio espiritual; em suas visitas às comunidades, os religiosos fazem orações e oferecem aconselhamento às famílias afetadas pela seca.
“As pessoas estão sofrendo, muitas perderam suas plantações e a única fonte de água que tinham. Nossa presença lá é para mostrar que não estão sozinhas. A ajuda material é essencial, mas a fé e a esperança também precisam ser renovadas”, disse o padre Emmanuel. Em entrevista ao programa Expresso 103 da Rádio Caiari, o sacerdote relatou que muitas pessoas, abaladas pela perda de recursos, encontravam conforto nos momentos de oração e nas palavras de fé que ele e outros missionários compartilham.
Ação da Cáritas
A Cáritas Arquidiocesana, braço humanitário da Igreja em Rondônia, liderou as operações de distribuição de alimentos e água potável que foram recebidas. Sob a coordenação de Veridiana Bastos, diretora da entidade, a organização trabalhou incansavelmente para mobilizar recursos, garantir transporte para as doações e criar pontos de distribuição nas áreas mais afetadas. “Enfrentamos uma situação crítica. O nosso principal foco foi garantir que ninguém passesse fome e que todos tivessem acesso à água potável, o que se tornou um luxo para muitos nas comunidades”, explica Veridiana. A Cáritas também criou parcerias com a Defesa Civil Municipal e empresas de logística, para facilitar o escoamento das doações.
Veridiana destaca que o trabalho não é apenas sobre distribuição de mantimentos, mas também sobre dignidade. “Cada família recebe a ajuda com a certeza de que não foi esquecida. Muitos choram ao ver o apoio que recebem, e isso nos motiva a continuar, apesar dos desafios de transporte e da falta de recursos. É a fé que nos move e nos mantém firmes”, conta.
Unindo Fé e Ação
A atuação da Igreja Católica em Rondônia durante o período de seca deste ano foi uma prova viva do compromisso com a vida, a fé e a dignidade humana. Sob a liderança de Dom Roque, com o trabalho incansável dos missionários, da rádio Caiari, paróquias, parceiros e a ação eficaz da Cáritas, a Igreja ofereceu não apenas água e alimentos, mas também esperança e força espiritual para que as comunidades enfrentassem os desafios impostos pela crise climática. Em tempos de adversidade, a solidariedade se transforma em uma corrente que atravessa os rios secos e chega até os corações mais necessitados.
É hora de voltar a realidade e conscientização
Depois de momentos muito críticos, aos poucos as coisas começam a voltar a sua normalidade. Qual lição ficou para nós? O que precisamos fazer para evitar catástrofes como as que vivemos em 2024?
Precisamos assumir a nossa co-responsabilidade nas pequenas ações cotidianas, que também são essenciais para evitar o agravamento de desastres ambientais. Precisamos refletir sobre nosso papel nas atitudes de cada dia: evitar o descarte inadequado do lixo, o uso abusivo da água e as queimadas que devastam as nossas florestas e seres vivos. A assim ao invés de derrubar, queimar; que tal plantar, cultivar, especialmente em áreas urbanas como na capital Porto Velho, para amenizar o calor e reequilibrar o clima local?!?!?
“O cuidado com a natureza é também cuidado com a vida humana; afinal, tudo está interligado nesta Casa Comum”, pontua Dom Roque.